Poucos filmes possuem a magia de tirar o espectador da zona de conforto e conseguir transmitir sentimentos e sensações de forma mais real possível. Em “Treze Vidas: O Resgate” a emoção a flor da pele flui do início ao fim sob a mão segura do experiente Ron Howard, já tarimbado na arte do cinema do gênero.
A mobilização de pessoas de todo o mundo em um resgate suicida será necessária na Tailândia: um time de futebol formado por doze crianças, mais seu treinador, ficaram presos em um sistema de cavernas subterrâneas. E o pior: a época das chuvas no país está chegando e a inundação do local é fato certo.
Desde a escolha do elenco principal com os experientes Viggo Mortensen e Colin Farrell a experiência do filme é assertiva. A ambientação em um país que lida com uma cultura religiosa fervorosa de grande miséria e falta de recursos é pouco mencionada, restringindo ao público uma total imersão nos acontecimentos que se passam em uma área pré-determinada, focando exclusivamente na ação dos preparativos e intenções para o resgate.
O ambiente o tempo inteiro é tenso e pragmático demonstrando em todas as cenas as reais necessidades de cada ação a ser tomada, seja na parte do resgate propriamente dito, seja nos momentos mais burocráticos que exigem calma e diplomacia do país asiático, na mesma medida com estrangeiros e imprensa ávida e viva no local. Em tempo: sem o jornalismo de primeira linha e tecnologia de ponta, provavelmente não saberíamos do ocorrido, como tantos outros que já passaram tardiamente em nossas “timelines”.
Fatos curiosos de produção são as vivências e marcas deixadas nos atores e participantes de todos: os experientes protagonistas ingleses que tomaram a frente de toda ação relativas a mergulho foram os treinadores dos atores, que evitaram ao máximo o uso de dublês, ainda que em cenas de extremo risco. Todos os atores se expuseram ao sofrimento debaixo d’água, inclusive alguns ainda permanecem com sequelas das filmagens, com ataques de pânico e restrições ao entrarem ambientes com acúmulo de água.
A experiência de “13 Vidas: O Resgate” é vívida e latente sendo que em alguns pode deixar marcas profundas. Uma lástima não ser lançado em cinemas, mas apenas para streaming. Mas ainda assim podemos agradecer a Amazon por nos propiciar uma obra de grande apreensão e extrema sensibilidade.