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Os Oito Odiados (2015)

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Cinezone Poster - Os Oito Odiados

A cada lançamento de filmes de Quentin Tarantino há uma expectativa enorme sobre o que o criativo diretor de “Cães de Aluguel” e “Pulp Fiction” vai aprontar desta vez. As ideias batidas e já repetidas do cinema são repaginadas e vitaminadas, como uma calça velha e surrada se customizasse se transformasse em um artigo de luxo na última moda. Mas a ansiosa espera acabou e muitos saíram frustrados ao assistirem “Os Oito Odiados”. Já outros glorificaram mais uma vez a mão de quem consegue fazer mais do mesmo virar espetáculo.

A história nos apresenta John Ruth “Hangman”, um famoso caçador de recompensas, escoltando a fugitiva Daisy Domergue para a cidade de Red Rock, onde receberá seu prêmio por entregar a renegada a justiça. Pelo meio do caminho encontram estranhas figuras como o ex-militar Marquis Warren e o novo delegado na cidade Chris Mannix. Em meio ao caminho uma forte tempestade os atinge, fazendo com que tenham que parar em uma estalagem. Lá encontram algumas figuras esquisitas e extremamente suspeitas com quem terão que passar provavelmente algumas noites até que o tempo estabilize.

Sem sombra de dúvida, a essência de tarantinesca está presente em todos os momentos da obra mas de uma maneira diferente da usual. A transformação estranha aos olhos dos menos ávidos traz uma introspecção que as vezes chega a ser chata devido aos personagens e locais detalhados a exaustão. A abertura é digna de um grande filme de faroeste com a trilha perfeita do ícone Ennio Morricone, mas que acaba desmanchando a expectativa já na primeira hora de filme por se mostrar extremamente longa e com diálogos que poderiam ser encurtados em quase pela metade: uma das características do diretor sempre foi a descrição firme dos personagens para que o perfil psicológico fosse traçado automaticamente pelo espectador, mas este trabalho acaba por ser exagerado e até complexo chegando a confundir. Fato que acaba por deixar até irrelevante a originalíssima ideia de gravar todo o filme com um equipamento da Panavision (apenas quatro em uso hoje no mundo) que torna tudo mais “de época”.

Mas apesar do tom arrastado como é conduzido “Os Oito Odiados”, alguns elementos dão picos de interesse ao público, como alfinetadas na xenofobia americana resistente até hoje e cada vez mais revitalizada por Donald Trump em sua candidatura a eleição nos EUA: as comparações entre mexicanos e cachorros. E não para por aí. O tratamento dado a prisioneira interpretada por Jennifer Jason Leigh é digno de toda misoginia presente em nossa sociedade (ainda), ou ainda o racismo exacerbado sobre o personagem de Samuel L. Jackson que mesmo tendo servido a sua pátria mãe tem de carregar uma carta de Abraham Lincoln como se fosse uma carta de alforria para ser respeitado pelos então confederados.

Parte interessante da metade do filme para o final, onde o público reconhece o que pagou para ver, vem banhado em sangue e diálogos ríspidos em um clima de detetive, como usado no filme “Os Sete Suspeitos“. Em alguns momentos lembrando até Agatha Christie ou ainda o contorcionismo roteirizado do excelente “Deathtrap“, de 1982 (traduzido no Brasil como “Armadilha Mortal”).

De todo, “Os Oito Odiados” não chega a decepcionar um olho pouco mais clínico, mas infelizmente entedia os menos avisados. Sendo o oitavo filme de Tarantino, podemos esperar mais um bom filme nos próximos anos e um “gran finale” como despedida no décimo filme. Segundo o diretor, após dez filmes encerrará sua brilhante carreira. Só nos resta aguardar.

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