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O Homem da Terra (2007)

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Uma mentira contada várias vezes, pode se transformar em uma propensa verdade. Já diria Joseph Goebbels. Mas e quando se é necessário mentir, ou equivocar a verdade, para que se possa parecer creditável? A ideia concebida em “O Homem da Terra” é original, com um roteiro simples e sintético, porém ao mesmo tempo complexo, didático e conseguindo segurar o espectador até o último minuto. Um filme de 2007 consegue segurar a barra de pouco menos de noventa minutos de exibição.

O professor universitário John Oldman está de mudança para outra cidade, e seu plano era sair discretamente, mas uma festa de despedida improvisada estava armada. E em um breve espaço de tempo e conversas amistosas, o ambiente vai tornando-se tenso e claustrofóbico, principalmente no momento em que o professor declara a seus colegas que ele tem 14.000 anos, sendo oriundo ainda da época dos Cro-Magnon e vaga até hoje na Terra, tendo a história da humanidade como sua principal testemunha.

O filme de Richard Schekmann começa bem e em clima de amizade entre colegas que estão se despedindo do professor. Mas nota-se que alguma coisa incomoda o protagonista. David Lee Smith consegue entrar de cabeça no personagem trazendo veracidade a suas falas, demonstrando realmente uma face sombria e ao mesmo tempo iluminada (se isso for possível). O espectador fica o tempo inteiro entre o verídico e o fatídico, entre o delírio e o realismo. Mas o mais interessante do personagem principal é seu discurso claro e libertador, que acaba por levar o incômodo aos seus então inquisidores. Ora, mas de que diabos este que então se denomina um “homem das cavernas milenar” quer nos convencer? De que sua verdade é mais digna do que aquilo que conhecemos estar nos livros de biologia ou história? Ou ainda, física ou química? A difícil desmistificação.

A cada minuto a tensão vai tomando conta do ambiente, onde historiador, racionalista, estudioso de religiões e até um psiquiatra são colocados frente a frente de um debate provavelmente interminável e com amplo espaço para discussão e colocar o tempo inteiro os nervos à flor da pele. E praticamente em um espaço super reduzido, consegue-se uma vibração e um clima que fazem com que “O Homem da Terra” seja um dos filmes de ficção (ou nem tanta ficção assim) mais aclamados, e que você provavelmente ainda não viu. Um trabalho de direção minimalista, mas que se transforma em um grande filme.

A clareza dos fatos se torna incômoda para quem não está acostumado a enxergar a luz, ou a verdade muito crua. Precisamos as vezes de um pano mágico, ou alguma explicação mais fervorosa do que prática e científica para ilustrar os então mistérios que nos rodeiam. É um daqueles filmes que ficarão gravados na mente do expectador, que aguarda uma sequência (e que existe). Mas talvez seja mais interessante ainda seja rever e rever mais algumas vezes, uma vez que os diálogos são o que mais importa. E aí então, talvez venhamos a ter uma “propensa verdade”.

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