Em 1987 o filme “Hellraiser” ganhou o título no Brasil de “Renascido do Inferno”. Tornou-se um clássico cult para um público sedento por sangue e um roteiro bem escrito. O mestre do horror Clive Barker uniu elementos religiosos, cultos satânicos, sadismo, couro e roupas extremamente apertadas para definir um gênero bastante específico. Em 2022 uma nova geração de aficionados colocou nas mãos certas a ideia de trazer novamente a cena o “Padre Infernal” e seus discípulos.
Nos tempos atuais, uma jovem que luta contra o vício em drogas e álcool se vê envolvida em um estranho jogo de possessão após desvendar um milenar quebra-cabeças. Sua desconfiança e investigação a leva ao encontro dos “Cenobitas”, um grupo de sádicos de uma dimensão desconhecida.
O famoso personagem principal antes incorporado genialmente por Doug Bradley continua a atormentar a ideia daqueles que ousam desvendar o quebra-cabeças do cubo maldito. Porém o apelidado “Pinhead” é encarnado agora pela atriz trans Jamie Clayton, em uma roupagem nova, mas mantendo as mesmas características tétricas e sofridas do personagem.
Com exceção de Jamie, os demais atores não são tão conhecidos, mas foram bem escolhidos e dão um tom jovial e crédulo a história. Também um roteiro que favorece as escolhas, bem amarrado e sempre com ritmo de temporariedade sucinta e personagens desenvolvido no limite para que se possa fazer um bom desenho sem ser chato. Também a mão de uma direção que está acostumada ao terror, não faz o espectador pular da cadeira (jumpscares) mas prende ao máximo com tomadas ligeiras e cortes cirúrgicos.
Ainda que se trate de um “reboot”, Hellraiser não decepciona em momento algum, tanto para aqueles que estavam saudosos do “gótico slasher” apresentado anos atrás, quanto para os possíveis novos fãs da franquia. O longa ainda deixa espaço para novos filmes na meada. Ainda que as sequências do original não tenham agradado nem um pouco, hoje pode-se dizer que há espaço para tanto novamente.