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Entre Abelhas (2015)

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Pra quem pensa em ir ao cinema e assistir as comédias escrachadas do “Porta dos Fundos” que fizeram o sucesso no Youtube, pode desistir. Em “Entre Abelhas” temos muito mais do que piadas prontas e de simples cunho midiático: temos a ciência do amadurecimento de uma turma que hoje tem um caminho longo a trilhar. E de respeito.

Tudo começa em uma despedida de casado, onde Bruno comemora o término de seu casamento. Ele trabalha em uma produtora de vídeos e acaba de voltar para a casa da mãe (Irene Ravache), com caixas cheias de lembranças do relacionamento e de incertezas quanto ao futuro próximo. Porém o inusitado acontece: ele não consegue enxergar determinadas pessoas. Sim. As pessoas começam a ficar invisíveis (ou desaparecerem) e este número vai aumentando gradativamente até um ponto de quase desespero, onde procura ajuda para tentar entender que de errado acontece.

O mundo do personagem interpretado seriamente por Fábio Porchat é semelhante ao de muitos do nosso cotidiano e que vivem do mínimo de apego ao intimismo de se colocarem no lugar de outras pessoas (coisa rara nos dias de hoje) dando preferência em muitas vezes ao supérfluo, sem saber o que realmente importa e consequentemente sem querer, fazendo com que isso tome conta dos olhos menos atentos. Em um mundo onde vivemos cercados de tablets e celulares fantásticos podemos esquecer de que um mero “bom dia” ou “com licença” pode abrir portas e caminhos: nem tanto para si ou para seu umbigo, mas sim para com quem as vezes nem se importa tanto com ele. A problematização de muitas questões sociais e de cunho pessoal são deixados muitas vezes de lado justamente como uma fuga de realidade, que as vezes pode se tornar muito perigoso.

Sem perceber, somos cansados de ser apenas mais um na multidão e resolvemos ser ninguém. Inclusive para nós mesmos.

O filme trás ainda algumas tentativas para o público conseguir entender o que se passa com o protagonista, que trazendo um dados concretos sobre o desaparecimento inexplicável de abelhas africanas cultivadas nos Estados Unidos, consiga situar o espectador no mundo/ambiente/terreno em que pisa. Dados concretos dão conta de que pragas e uso de pesticidas estão entre as principais causas desse fenômeno.

Aqui temos a ideia de que a tragicomédia proposta pelo diretor Ian SBF não se restringe apenas a risadas perdidas, mas sim a uma profundidade bem mais complexa do que piadas sexistas vistas até hoje na Internet ou em programas de televisão dominicais. Estar “Entre Abelhas” é uma questão nem sempre de opção, mas também de sensibilidade e percepção e as vezes, até de querer. Ou não.

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