Já foi dito anteriormente que não se deve confundir a vida artística de seu ícone predileto, com a vida pessoal e amorosa. Deve-se distinguir o talento e a perspicácia profissional, não tentando fazer um paralelo entre realidades muitas vezes absolutamente (as vezes) diferentes. Mas ao mesmo tempo como não existir uma autobiografia qualquer em algum momento? Talvez tenha sido isso que acabou me decepcionando tanto em “Blonde”, um dos grandes sucessos efêmeros da Netflix na última semana.
Baseado em uma obra de ficção, o filme trás uma versão atípica e deturpada da vida de Marilyn Monroe, um dos ícones mais famosos de Hollywood. Sua infância tumultuada e os amores meteóricos fazem a batida esquizofrênica.
Sim. A escritora Joyce Carol Oates faz de Marilyn uma personagem que sonha em vida o tempo inteiro, que em nenhum momento coloca os peno chão, e nos raros momentos em que tenta fazer isto acontecer, lhe é puxado o tapete inadvertidamente.
Ana de Armas está excepcional como o ícone platinado, tanto que em determinados momentos existe a dúvida de quem realmente está na tela: se a “bondgirl” cubana de 007, ou o ícone pop de gerações. A atuação está fantástica, extraindo o melhor e o pior que o filme pode ter, talvez até trazendo uma segurança a nomes menores. Um dos acertos da produção foi fazer os impressos mais realistas e fidedignos trabalhando a mente do espectador e confundindo mais uma vez a realidade do que realmente está acontecendo.
Porém quase três horas, faz tudo ficar arrastado e pouco dinâmico. Espera-se ver em cena “a loira que os homens preferem”, uma Liza Minelli platinada, ou ainda que a protagonista saia voando em seu vestido após passar pela cena clássica do duto de ventilação. Mas tudo que conseguimos enxergar é um inóspito ambiente de amargura, solidão e embriaguez. A Marilyn que nos venderam, não é definitivamente, aquela que nos entregaram.